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Glu-Glu acordou sobressaltado. Ao seu lado, Antônio acordou e disse: “Está tudo bem, Glu-Glu?” “Gluuuu?” “Eu sei, é Natal. Mas você está seguro aqui conosco, não se preocupe.” “Glu????” “Ninguém vai entrar aqui, não se preocupe. Não é, Jheanie?” Com uma lambida, a cachorra confirmou a informação: o super peru não corria risco naquele ano. Como em todos os anos, aliás. Mas... seu passado genético, com todos os seus parentes morrendo de véspera para se tornar parte da ceia, não permitia que ele ignorasse o risco que, se não corria, era por estar na casa de alguém que cuidava muito bem dele.
Do outro lado da cidade, Jack, o turista acidentado, estava olhando os voos que partiriam em breve. Ou talvez não tão em breve: a coisa que mais lia nos painéis de informação era “atrasado”. Não se incomodaria: todo ano era assim, ele já estava acostumado. O que realmente importava era pegar o avião e ir para algum lugar muito, mas muito e muito legal. Usando, claro, uma tarifa super promocionalmente barata – afinal ele não se importaria de viajar na noite de Natal, enquanto os sinos tocavam a meia-noite, se fosse para pagar menos por uma passagem. Mais importante do que as celebrações era poder viajar mais por menos. Mas era noite de Natal, e é claro que Jack estava cansado e... dormiu enquanto esperava por seu avião. Quando acordou, já era dia e todos os voos em atraso já tinham sumido da tela. “Sinto que terei problemas. De novo...” Ele foi até uma funcionária da companhia aérea: “Senhora, acho que tenho um problema.” “O que ocorre, senhor?” “Eu acabei dormindo e perdi meu voo...” “Entendo...” “Agora preciso pegar outro.” “Claro, senhor. O senhor só terá que pagar a multa por ter perdido o voo e a diferença do preço da passagem.” “E quanto é tudo isso?” “Vejamos... aqui na tela mostro os valores para os próximos voos...” Os valores que apareciam na tela pareciam algo como: ‘pague com seu rim a viagem’. Jack balançou a cabeça: “Eu ia viajar na noite de Natal para pagar menos pela passagem.” “A única passagem barata agora, senhor, é na noite de ano novo.” “Está bem... sem problema. O que é viajar no Ano novo pra quem já ia viajar no Natal?” “É assim que temos que pensar, senhor.” “Deixe-me só perguntar. Posso apenas ficar esperando aqui, no aeroporto? Quero dizer, se eu for pra minha casa esperar o voo, terei que ouvir meus amigos me zoando por ter perdido de novo o voo, e não queria isso. Acho que você entende, não entende?” “Quer ficar uma semana inteira no aeroporto?” “Basicamente é...” “Desculpe-me, senhor, mas isso não é o filme ‘O terminal’ e o senhor possivelmente não poderá ficar aqui esperando pelo avião. Mas se quiser confirmar, pergunte para o rapaz ali.” “Obrigado, senhora. A senhora foi muito gentil....” “Disponha, senhor, e agradecemos por ter escolhido nossa empresa.” Jack se aproximou, então, do ‘rapaz ali’, um segurança do aeroporto. “Senhor, posso perguntar uma coisa?” “Claro.” “Existe algum problema de eu ficar aqui, no aerporto, por uma semana? Perdi meu voo e só consegui remarcá-lo para o ano novo e...” É preciso dizer que resposta Jack, o turista acidentado, recebeu?
Uma semana depois, Jack voltava para o aerporto. Levava consigo diversos – DIVERSOS – despertadores, que tocariam em horários alternados para garantir que ele não perderia a hora dessa vez. E, enquanto andava pelo saguão do aeroporto, viu uma movimentação acima da comum. “Que está acontecendo ali?” ele perguntou, aleatoriamente. “É a família real de Grundniev embarcando... Estão se aproveitando da tranquilidade do aeroporto hoje para embarcar como se fossem pessoas normais...” “Mas... eles não são dessa história.” “E você é?” “Eu era...” “Era?” “De que história estamos falando?” “A minha ainda não tem nome. E nem posso reclamar, sou um personagem secundário dela.” “Verdade?” “Sim. A propósito, meu nome é Cícero.” “Jack. Posso te pedir um favor?” “Claro.” “Se eu dormir, você me acorda?” “Claro.” E só assim Jack não perdeu aquele voo...
Simone, por seu lado, olhava as estrelas. As estrelas pareciam estar em paz naquele ano novo, mesmo quando o seu mundo estava em guerra. Aquilo... era tão errado. Tão absurdamente errado! Por que a guerra precisaria existir? Por que isso tinha que estar acontecendo? “Simone?” “Oi, César.” “Venha, vamos entrar.” “Será que tudo vai ficar bem?” “Tudo sempre fica bem no final, amor...” “Tomara...” E, do outro lado da cidade, Alex também olhava as estrelas. Num desses raros momentos em que ele ficava saudosista, em que pensava como seria tudo se estivese em sua casa, perto dos seus. Mas o que estava pensando? Ele não tinha ‘seus’ para estar perto deles. Ele só tinha a si.... mais um ano novo e ele só tinha a si...
E do outro lado do sistema solar estava... eu. Olhando para vocês, humanos, e pensando: por que juntar duas festas tão legais num mesmo período? Para poder aproveitar melhor! Claro! Para ter desculpas para ficar de folga nesses dias. Para poder ficar sem fazer absolutamente nada enquanto se espera pela outra comemoração. Ou simplesmente para poder ter desculpa para se ter dois feriados tão bons num período tão curto de tempo. Feliz festas de final de ano a vocês e todos os seus 8D (25122013 - publicado em 01012014) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ![]() Notas: Glu-Glu, Antônio e Jheanie são personagens de "As aventuras do Capitão Glu-Glu". Jack, claro, é o nosso personagem principal em "Manual Prático do Turista acidentado". Simone, César e Alex são personagens de "O Espião", história em que, eventualmente, aparece também a família real de Grundniev, embora eles sejam mesmo personagens da história enorme que escrevi e que ninguém quer ler (se quiser, avise, são só 1800 páginas! ;) ), cujo nome provisório é "Além da realeza". E Cícero aparece no livro em que estou trabalhando atualmente - nome provisório, Jennifer. E você também pode aproveitar tudo que acontece nas nossas desventuras na Terra pelo Aliens Anônimos ou nossas discussões filosóficas nas Charges do EUqueDISSE. Tenham todos um bom ano 8D | ||||||
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EUqueDISSE 2014 |